A maior prevalência foi registrada entre os homens: 1,4 milhão de autistas (1,5% da população masculina), enquanto entre as mulheres o percentual foi de 0,9%, o equivalente a 1 milhão.
A faixa etária com maior concentração de diagnósticos é a de 5 a 9 anos, com maioria de homens: 264 mil (3,8% da população), enquanto as mulheres somam 86 mil (1,3%).
A prevalência de TEA foi maior entre os homens em todos os grupos etários até 44 anos. Entre 45 e 49, 55 e 59 e 70 anos ou mais, os percentuais foram equivalentes entre os sexos de nascimento. Já nos grupos de 50 a 54 e 60 a 69 anos, as mulheres apresentaram prevalências ligeiramente superiores às dos homens, com diferença de 0,1 ponto percentual.
A prevalência de TEA foi maior entre os homens em todos os grupos etários até 44 anos. Entre 45 e 49, 55 e 59 e 70 anos ou mais, os percentuais foram equivalentes entre os sexos de nascimento. Já nos grupos de 50 a 54 e 60 a 69 anos, as mulheres apresentaram prevalências ligeiramente superiores às dos homens, com diferença de 0,1 ponto percentual.
— Ao longo dos anos, os métodos de diagnóstico foram desenvolvidos e sendo refinados, aumentando a população com diagnóstico de TEA entre a população em idade escolar, principalmente no grupo de idade em foco. Atualmente, há maior atenção para possíveis sinais do transtorno e meios de diagnóstico nos primeiros anos de vida. Nas demais faixas etárias, o diagnóstico pode ter sido tardio — explica Clician Oliveira, analista do IBGE.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o autismo é caracterizado por déficits persistentes na habilidade de iniciar e manter interações sociais e comunicação social recíprocas. Eles também têm uma gama de padrões de comportamento, interesses ou atividades restritos, repetitivos e inflexíveis, que são claramente atípicos ou excessivos para a idade e o contexto sociocultural do indivíduo.
Em termos absolutos, o estado de São Paulo lidera com 548 mil pessoas com diagnóstico de autismo, seguido por Minas Gerais (229 mil), Rio de Janeiro (215 mil) e Bahia (145 mil). Já em termos proporcionais, os estados do Acre (1,6%) e Amapá (1,5%) têm os maiores percentuais de moradores diagnosticados.
Perfil por cor ou raça
O levantamento aponta ainda que o diagnóstico é mais frequente entre pessoas que se declararam brancas (1,3%), o equivalente a 1,1 milhão de brasileiros.
Entre as pessoas amarelas, 1,2% possuem diagnóstico de autismo, o que corresponde a 10,3 mil pessoas. Cerca de 221,7 mil pessoas pretas e 1,1 milhão de pessoas pardas possuem TEA, número que representa 1,1% de cada uma dessas populações.
A menor prevalência está entre os indígenas (0,9%), grupo que teve 11,4 mil pessoas diagnosticadas. Este percentual sobe para 1% quando consideradas também a população de outra cor ou raça residentes em localidades tradicionais.
Taxa de escolaridade
O Censo também detalhou a presença de pessoas com autismo na escola. Em 2022, a maior parte dos estudantes com diagnóstico declarado de autismo estava concentrada na faixa etária de 6 a 14 anos, segundo os dados divulgados pelo IBGE. Nessa etapa da educação básica, 70,4% dos meninos e 54,6% das meninas com o diagnóstico frequentavam a escola. Entre os estudantes em geral, esse grupo etário representava 55,4% dos homens e 51,3% das mulheres, o que indica uma concentração proporcionalmente maior de alunos autistas nessa fase da vida escolar.
O dado sugere que o diagnóstico do transtorno tem sido feito precocemente e que essas crianças estão sendo inseridas na rede de ensino durante o período obrigatório da educação básica. No entanto, a presença desses estudantes diminui nas faixas etárias seguintes, o que pode refletir obstáculos à permanência e progressão escolar dessas pessoas à medida que envelhecem.
Uma exceção aparece entre as mulheres com autismo com 25 anos ou mais. Nesse grupo, elas representam 22,2% do total da população feminina com TEA que estudava em 2022, proporção superior à das mulheres estudantes em geral da mesma idade, que era de 19,8%.
Segundo o IBGE, isso pode indicar que parte dessas mulheres está retomando os estudos ou buscando formação continuada na vida adulta, possivelmente por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ou do ensino superior.
Nível de escolaridade
No recorte por escolaridade de adultos com 25 anos ou mais com TEA, quase metade (46,1%) declarou ser sem instrução ou ter o ensino fundamental incompleto. Na população geral, esse percentual foi de 35,2%.
Segundo o mapeamento, enquanto 18,4% da população brasileira concluiu o ensino superior, o percentual entre autistas é de 15,7%.
Desigualdade racial na escola
Em 2022, o Brasil contava com cerca de 45,7 milhões de estudantes de 6 anos ou mais de idade. Desses, aproximadamente 760,8 mil foram identificados como tendo diagnóstico de autismo, o que corresponde a 1,7% do total de estudantes desta faixa etária.
Desagregando o total de estudantes de 6 anos ou mais de idade no Brasil por cor ou raça, a maior parcela era composta por estudantes de cor ou raça parda (48,1%), seguidos por estudantes brancos (41,7%). As pessoas pretas representavam 9,0%, enquanto os alunos de cor ou raça amarela e indígena somavam proporções menores (0,3% e 0,8%, respectivamente).
No entanto, ao analisar os dados apenas entre os estudantes com diagnóstico de autismo declarado, observa-se uma inversão no padrão: a proporção de estudantes brancos com autismo (45,7%) superou ligeiramente a de pardos (45,3%). Esse padrão pode indicar, de acordo com o IBGE, uma sub-representação relativa dos estudantes pardos entre os diagnosticados, frente à sua expressiva presença na população estudantil geral.
A inclusão do quesito sobre autismo no questionário censitário foi determinada pela Lei nº 13.861/2019. A pergunta realizada foi: “Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?”, com respostas possíveis de “sim” ou “não”.
Apesar de o IBGE destacar que o diagnóstico de TEA é complexo e requer avaliação clínica aprofundada, o órgão aponta que os dados representam um avanço significativo para orientar políticas públicas voltadas à essa população.
Por: O Globo