Em virtude do milagre recebido, Paulo Gontijo e sua esposa Maria Roseli foram acompanhar de perto, na Itália, a missa de santificação que aconteceu às 5h30 (horário do Brasil e 10h30 no horário da Itália).
A história que culminou na publicação de um decreto pelo Papa Francisco no dia 13 de abril de 2024, reconhecendo o milagre atribuído à beata e abrindo caminho para ela se tornar santa, aconteceu em 2010.
Na época, o enfermeiro que hoje é aposentado, Paulo Gontijo, tinha 49 anos e sofreu um grave traumatismo craniano e teve suspeita de morte encefálica depois de bater a cabeça ao cair de um árvore de 6 metros de altura enquanto fazia uma poda.
Família religiosa já conhecia a beata
Beata Elena Guerra — Foto: Reprodução/Redes sociais
Muito católica, a família de Paulo já conhecia a religiosa e foi a cunhada, Marilda Fonseca, que deu início à novena para a beata Elena Guerra junto de amigos pedindo a cura dele.
"Enquanto o Paulo estava no hospital, parentes e amigos vinham até nossa casa para rezar terços e rosários para Elena Guerra. Nós também começamos uma novena no hospital pedindo a intercessão da beata. Eu comecei a pedir para que ela pedisse a Jesus por um milagre surpreendente, para mostrar para toda a gente o poder do sangue de jesus.", contou a esposa de Paulo, Maria Roseli.
Após 25 dias em coma no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), os médicos deram poucas chances de que Paulo iria sobreviver aos danos causados pela queda e, caso se salvasse, teria sequelas graves.
A família lembra que a situação de Paulo era tão grave que o caso dele passou a ser tratado dentro de um protocolo de morte encefálica. Assim, pediram ao pároco da igreja que frequentavam, William Eurípedes Garcia, para que Paulo recebesse a extrema unção - sacramento católico que consiste na unção do enfermo acompanhada de uma oração - na Unidade de Terapia Intensiva.
"Eu levei o sangue de Cristo, que é o vinho consagrado, com a intenção de pingar algumas gotas na língua dele, para que ele pudesse ter ali a presença de Cristo vivo e ressuscitado junto dele. Eu coloquei essas três gotas na língua do Paulo, onde ele abruptamente reagiu de maneira brusca ao tocar o sangue na língua, uma pessoa que já estava com o quadro de morte, ter esses movimentos bruscos foi surpreendente. Eu fui pego de surpresa com esse milagre que foi imediato", lembrou o padre.
"Quando pingou as gotas na minha boca eu abri o olho, quis levantar, deitei de novo. Aí, o doutor Milton mandou parar, falou 'Para tudo, o cérebro do Paulo está normal, volta do jeito que está'. Eu voltei e fui recuperando", recordou Paulo Gontijo.
Os médicos voltaram a encontrar atividade elétrica no cérebro de Paulo e onde esperavam sequelas gravíssimas, ficaram sequelas mínimas. Paulo teve alta do hospital no dia 30 de abril de 2010.
Paulo e o Padre William no local onde viveu Elena Guerra, na Itália — Foto: Henrique Mendes/Diocese de Uberlândia
Paulo Gontijo — Foto: Reprodução / TV Integração
Após a investigação e reunião dos documentos, em 2013, a Diocese de Uberlândia encerrou o processo e encaminhou para Roma. Neste dia que encerrou as investigações no Brasil, os documentos foram lacrados e enviados para a Santa Sé, para a Congregação da Causa dos Santos.
Paulo e sua esposa visitaram o túmulo de Elena Guerra, na Itália — Foto: Henrique Mendes/Diocese de Uberlândia
Na sessão solene de clausura - que é uma fase do inquérito de canonização - foram apresentadas duas cópias autenticadas do processo referente ao suposto milagre.
Vários encontros foram realizados na Itália ao longo desses anos com representantes da igreja, e após mais de 10 anos, o Papa Francisco promulgou o decreto que reconheceu o milagre da beata no Brasil.
O milagre se torna importante para a canonização de Elena uma vez que ele é o primeiro desde que ela foi reconhecida como beata.
Túmulo de Elena Guerra, na Itália — Foto: Divulgação
De acordo com publicações especializadas na doutrina católica, Elena Guerra nasceu no dia 23 de junho de 1835, na cidade de Lucca à beira do rio Serchio, na região da Toscana. Aos 19 anos estudou enfermagem e trabalhou cuidando de doentes afetados pela pandemia de cólera na Europa.
Em 1865, a jovem assistiu a uma sessão do Concílio Vaticano I, onde foram discutidas as questões doutrinárias necessárias para espalhar a fé. Elena sentiu ainda mais a necessidade de criar uma comunidade religiosa. Ela então idealizou a primeira Associação de Amigas Espirituais, que reunia jovens de Lucca e outras cidades.
Elena morreu em 11 de abril de 1914, em um sábado na véspera da Páscoa, deixando um legado de cuidado e amor pelo próximo, sendo reconhecida em 1959 como beata pelo Papa João XXIII.
Cidade de Lucca, na Itália — Foto: Henrique Mendes/Diocese de Uberlândia
Por: G1